mas então...
os momentos mais produtivos sempre advêm do tédio,é impressionante.
Eu preciso escrever um texto. Um simples texto.
E não tem coisa que eu saiba fazer melhor do que escrever.
Mas não tô com saco
Não tô com disposição,sabe?
Até porque é um texto pra concorrer a um estágio
mas eu não quero esse estágio agora.
Só que aí,sabe como é...
eu fico pensando no futuro
fico pensando no dinheiro
na casa própria
aí é phoda.
quando a gente pensa na casa própria é que tudo se complica mesmo.
Imaginem vocês que hoje eu fui ao Morro da Conceição
e que uma casinha lá custa cem mil reais.
Fiquei pensando...
Quando,na minha vida,terei eu cem mil reais para dar numa casinha?
Eu estou com dificuldade para juntar cinquenta.
E aí é uma merda...
Eu não queria ter que escrever isso hoje.
Não sei nem como começar.
Queria ficar falando infinitamente sobre o Renato Russo
sobre roupas bonitas,
bolsas
e sexo.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
O sentido da chuva na segunda feira.
Ontem eu dei aula a noite.
Estava chovendo muito.
Eu estava na Presidente Vargas e um carro que passou correndo me molhou toda.
Molhou a minha saia nova.
A presidente Vargas já é suja normalmente
O Rio de Janeiro é sempre sujo
quando chove então a lama é completa.
Sim, lá estava eu indo dar aula.
Aonde eu dou aula não é bonito, não,não é.
E também não é perto da minha casa e lá eu não ganho bem,
mas eu arrisco dizer que é o segundo melhor momento da minha semana (os primeiros são sempre os momentos de amor).
Tudo lá é delicioso, os alunos, a equipe, a cumplicidade, a sensação de ultilidade,a matéria, as piadinhas e as fofocas.
Quando eu acabei de dar o último tempo fiquei esperando o ônibus, que demorou uns 20 minutos pra passar e quando chegou não parou pra mim.
Eu fiquei gritando vendo ele ir embora. E eu tinha que ir rápido pra casa porque eu estava com dor de cabeça e precisava entregar um trabalho enorme hoje.
Meia hora depois veio outro ônibus. Esse parou. E foi andando a dez quilometros por hora. E só tinha eu no ônibus. E o motorista a passos de formiguinha porque ele não pode chegar no ponto antes de uma hora x que é estabelecida pela empresa.
Eu cheguei a anotar o telefone do serviço de atendimento ao cliente pra ligar e dar berros com algum funcionário, mas rapidamente eu me lembrei que não ia adiantar nada e decidi permanecer inerte.
Cheguei na plataforma do metrô, que as onze da noite está sempre vazia, o que faz com que a música clássica estimulante de suicídios que é a trilha sonora escolhida para esse tipo de ambiente fique mais alta e mais insuportável.
O trem para a zona sul sempre chega primeiro. E o meu trabalho, para uma matéria que eu já fiz, mas que o sistema, que é sempre o grande culpado de tudo, não aceitou...
Bem, o meu trabalho ia esperar ainda mais.
E aí eu comecei a pensar que era para ser simples.
Dar aula
entender o funcionamento disso tudo
ser feliz
mas tudo simplesmente não funciona
e por mais que você deteste os pessimistas
e que acredite que a felicidade é tão alcançavel quanto um algodão doce
você acaba se questionando sobre as suas escolhas
Começa a se lembrar da escola, do vestibular, dos concursos públicos...e sente vontade de chorar. E aí você chega em casa
janta
fala no telefone
dorme
e no dia seguinte escreve.
E você entende que tem que fazer algum sentido
e pronto, fica tudo bem.
Estava chovendo muito.
Eu estava na Presidente Vargas e um carro que passou correndo me molhou toda.
Molhou a minha saia nova.
A presidente Vargas já é suja normalmente
O Rio de Janeiro é sempre sujo
quando chove então a lama é completa.
Sim, lá estava eu indo dar aula.
Aonde eu dou aula não é bonito, não,não é.
E também não é perto da minha casa e lá eu não ganho bem,
mas eu arrisco dizer que é o segundo melhor momento da minha semana (os primeiros são sempre os momentos de amor).
Tudo lá é delicioso, os alunos, a equipe, a cumplicidade, a sensação de ultilidade,a matéria, as piadinhas e as fofocas.
Quando eu acabei de dar o último tempo fiquei esperando o ônibus, que demorou uns 20 minutos pra passar e quando chegou não parou pra mim.
Eu fiquei gritando vendo ele ir embora. E eu tinha que ir rápido pra casa porque eu estava com dor de cabeça e precisava entregar um trabalho enorme hoje.
Meia hora depois veio outro ônibus. Esse parou. E foi andando a dez quilometros por hora. E só tinha eu no ônibus. E o motorista a passos de formiguinha porque ele não pode chegar no ponto antes de uma hora x que é estabelecida pela empresa.
Eu cheguei a anotar o telefone do serviço de atendimento ao cliente pra ligar e dar berros com algum funcionário, mas rapidamente eu me lembrei que não ia adiantar nada e decidi permanecer inerte.
Cheguei na plataforma do metrô, que as onze da noite está sempre vazia, o que faz com que a música clássica estimulante de suicídios que é a trilha sonora escolhida para esse tipo de ambiente fique mais alta e mais insuportável.
O trem para a zona sul sempre chega primeiro. E o meu trabalho, para uma matéria que eu já fiz, mas que o sistema, que é sempre o grande culpado de tudo, não aceitou...
Bem, o meu trabalho ia esperar ainda mais.
E aí eu comecei a pensar que era para ser simples.
Dar aula
entender o funcionamento disso tudo
ser feliz
mas tudo simplesmente não funciona
e por mais que você deteste os pessimistas
e que acredite que a felicidade é tão alcançavel quanto um algodão doce
você acaba se questionando sobre as suas escolhas
Começa a se lembrar da escola, do vestibular, dos concursos públicos...e sente vontade de chorar. E aí você chega em casa
janta
fala no telefone
dorme
e no dia seguinte escreve.
E você entende que tem que fazer algum sentido
e pronto, fica tudo bem.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Perestroika*
angustias a parte
nós vamos em frente
todos
entre o momento da primeira vez
e o da última
e é essa que dói mais
deixamos pra trás
as palavras antigas
que não servem mais
os amores
os assuntos
Vamos embora
sozinhos
pequenos
felizes.
Eu não sei se era esse
o sonho
não
acho que não era.
E...
(Agora) é aqui
e é só.
*Perestroika é o termo dado ao processo de colapso da União Soviética. Eu considero esse fim um momento triste, mas muito interessante por ser o fim de muitas utopias. Acredito que o início da vida adulta, pelo menos da minha,seja um pouco assim. E é a essa analogia que se deve o nome deste blog.
nós vamos em frente
todos
entre o momento da primeira vez
e o da última
e é essa que dói mais
deixamos pra trás
as palavras antigas
que não servem mais
os amores
os assuntos
Vamos embora
sozinhos
pequenos
felizes.
Eu não sei se era esse
o sonho
não
acho que não era.
E...
(Agora) é aqui
e é só.
*Perestroika é o termo dado ao processo de colapso da União Soviética. Eu considero esse fim um momento triste, mas muito interessante por ser o fim de muitas utopias. Acredito que o início da vida adulta, pelo menos da minha,seja um pouco assim. E é a essa analogia que se deve o nome deste blog.
terça-feira, 17 de junho de 2008
O momento da criação - Poema da gula na terça feira.
Não tem aqueles dias que você come,come,come e depois dorme e depois come mais?
Você ficou em casa pra deixar a vida em dia,mas só o que você fez foi comer.
Você comeu o chocolate da sua irmã,as cerejas em calda que a sua mãe
guarda pros doces do fim de semana,a comida chinesa do almoço,os
biscoitos de ontem,o seu iogurte,o apartamento,a rua,o mundo.
guarda pros doces do fim de semana,a comida chinesa do almoço,os
biscoitos de ontem,o seu iogurte,o apartamento,a rua,o mundo.
E os seus papéis continuam lá na cama,jogados,intactos,esperando você parar de comer.
A sensação é de que você só serve pra comer,dormir,falar no telefone
e ver televisão
e fofocar a vida dos outros
e acumular textos não lidos.
e aí naquela conversa com um amigo muito situado, que está na pós graduação,
que mora sozinho,
que pratica esportes diariamente e quase não come
você descobre que não tem rumo
que precisa tomar jeito
que assim não vai ganhar dinheiro
E você queria ser sexy
queria levar uma vida de glamour
usar roupas do SP Fashion Week
mas os estilistas não fazem roupas para pessoas que comem
e o mundo não costuma dar empregos para quem deixa os papéis jogados na cama.
Você que não tem projetos
Não está na pós graduação
Sente saudade da escola e da casa de praia da sua avó
você está destinado ao fracasso.
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